Preâmbulos é uma 'lecture-performance' de mais ou menos duas horas em que o performer, artista visual e designer Ricky Seabra, vestido de fardão imperial, interage diretamente com o público, persuadindo-o a escrever um novo preâmbulo para a Constituição Brasileira.

A noite começa com Seabra fazendo uma apresentação sobre o que é um Preâmbulo e como o nosso segue a estrutura do preâmbulo norte-americano. Seabra defende que falta uma poética mais brasileira para o nosso preâmbulo.

Depois, Seabra projeta o Preâmbulo em vigor no telão e convida o público a edita-lo e escrever um novo. Ele fica atrás de seu laptop e vai datilografando e acompanhando os desejos manifestados pelo publico, entre comentários, sugestões e silêncios.

A noite não tem hora para acabar, mas ele guia a interação para durar mais ou menos duas horas, até que o público finalize um preâmbulo. Quando Seabra detecta a satisfação do público com o preâmbulo resultante, ele pede para que todos leiam em voz alta o novo preâmbulo.

Preâmbulos estreou no Segundo Festival de Performance de Belo Horizonte em agosto de 2011.

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Sobre os dois primeiros Preâmbulos escritos pelo público de Belo Horizonte:

No dia 10 e 11 de agosto de 2011 em Belo Horizonte estreou o Preâmbulos - Qual a missão do Brasil? Aconteceu no contexto do Festival de Performance de BH na sala de ensaio do Grupo Espanca.

A primeira noite durou 2hs e 15min. Não tinha hora para acabar... Simplesmente senti, pela satisfação com o resultado (depois de 5 tentativas), que estava na hora de concluir. Concluo a obra com todos os participantes lendo juntos em voz alta o novo preâmbulo que eles mesmos escreveram e no final eu faço soar uma espécie de gongo: uma música que combina com o teor do Preâmbulo criado.

A primeira noite resultou no seguinte Preâmbulo:


Brasil, que tem em suas misturas sua força, que teu grito pela Ordem seja contra a injustiça, a intolerância, a violência!
Que teu apelo pelo Progresso venha carregado de ternura entre as pessoas aqui, e além de nossas fronteiras e de amor pela nossa herança natural e cultural, pelo cuidado com os animais.


O interessante deste Preâmbulo é a estrutura de duas frases apenas: uma sobre Ordem, a outra sobre Progresso.

A segunda noite também levou mais ou menos duas horas para compor um preâmbulo. O Preâmbulo resultante foi:


Bate Macumba Iê Iê. Reunidas aqui na praça berramos: Queremos suar o mundo. (Dançar)* até doer o pé,
Suar e soar o mundo. Repartir o sol, o calor e o amor; as chuvas e raios; os coqueiros e os cocos. Queremos que a terra alimente a Todos e que seja protegida por Tod@s. Queremos música, livros, trabalho, Lares, parques e flores. Poder crescer correndo e caminhos livres para continuar correndo.
Queremos e acreditamos na paz!!
Sabemos e sempre saberemos que o buraco é mais embaixo.
Seguimos cavando.
Pá na Mão.

*coloque a sua dança aqui ( )


Ou seja... cada noite será bem diferente.
O que me impressionou nesta segunda noite foi como a noite se encerrou com muita alegria e muitos sorrisos.

O que as duas noites tiveram em comum foi a falta de cinismo. As pessoas levaram a tarefa muito à sério, com momentos de leveza, risos e momentos de compenetração e o desejo de chegar a palavras precisas e sutís. Tiveram o cuidado do uso de certas palavras, aceitando umas, rejeitando outras. Isso acontecendo entre eles e eu, intermediando aqui e alí. O trabalho provoca um nível de debate sem pedantismos e uma paixão pelo Brasil, sem nacionalismo.

Venho concebendo este projeto desde que fiz um trabalho sobre o nacionalismo americano (Império Love to Love You Baby, 2008). Enquanto eu escrevia sobre os EEUU eu sempre fazia comparações e paralelos com o Brasil. Eu fazia anotações e as arquivava. Arquivo aberto e executado, sinto que tenho um belo trabalho que revela para os participantes a importância da palavra e provoca um pensamento em torno de valores e responsabilidades compartilhadas.

- Ricky Seabra, 13 de agosto, 2011 - Rio de Janeiro
Clusterd II Theater Festival Vlaanderen, De Singel, Antwerpen, BELGIUM


foto: ©Beatriz Schiller, 2011


Requerimentos técnicos:

Este trabalho tem uma produção simples. Seabra viaja sozinho com a performance. Em termos de técnica ele só precisa de um projetor de vídeo e um cabo VGA de 10 a 15 metros. O espaço precisa apenas de uma luz tênue. Não tem operação de luz e não precisa necessariamente acontecer dentro de um teatro. Basta uma sala grande que cabe no mínimo 40 pessoas. Se a produção local puder achar uma sala, teatro ou auditório com uma estética da época do império com mesa e cadeiras Dom João V, melhor, mas não é essencial.no mi
Clusterd II Theater Festival Vlaanderen, De Singel, Antwerpen, BELGIUM



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