Desbovinização da Amazônia

Cerca gigante protejerá a Amazônia

Reuters - No dia 1 de janeiro de 2010 o governo brasileiro começará a construção de uma cerca de 2040 kms para protejer a Floresta Amazônica da propagação de pastos. A cerca começará à 25 km ao sul de Guajará-Mirim (Mato Grosso com fronteira da Bolívia) e se extenderá sentido leste 2040 kms até a divisa do Estado do Tocantins com a Bahia em Formosa do Rio Preto. A cerca levará 7 meses para construir. As entidades envolvidas são o Ministério do Meio Ambiente, IBAMA, FUNAI, INPE (Instituto de Pesquisas Espacias), as Forças Armadas e uma empresa ainda a ser definida por licitação pública em 2009.

Ao norte desta cerca começará a desocupação imediata de 1000 kms quadrados por mês de pastos (equivalente a uma cidade do Rio de Janeiro que equivale a quantia de floresta que some por mês devido às queimadas).

O governo brasileiro quer agora adotar uma política de "reversibilidade" e não apenas de sustentabilidade. "Para que a Floresta Amazônica seja salva é preciso que a área recuperada por mês exceda a área desmatada por mês", diz o porta-voz do projeto Ricardo Jorge. O projeto de "desbovinização" terá o nome de Projeto Tordesilhas (nome dado à linha que dividia a América do Sul ao meio no século 15 entre espanhóis e portugueses).

Todo e qualquer vaca ou boi ao norte desta cerca será sacrificado, informa o portavoz do projeto Ricardo Jorge. A estimativa é que exista 73 milhões de cabeças de gado na região Amazônica.

A matança do gado amazônico será efetuada via helicóptero. Safaris de helicóptero oferecerão aos eco-turistas a oportunidade de atirarem em bois contribuindo para o programa de desocupação de pastos. Os mesmos helicópteros que carregarão os atiradores também lançarão sementes de espécies de árvores nativas para o replantio simultâneo da floresta.

A Universidade da Amazônia (UNAMA) assim como todas as universidades da região poderão pedir subsídios para a UNEP (United Nations Environment Programme), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimetno) e CNPq para a pesquisa em técnicas de replantio da floresta e restauração do solo de áreas devastadas. A conversão de pastos para plantações de soja será estritamente proibida.


A escolha do local da cerca:

A cerca de Tordesilhas acompanhará o paralelo 11 que divide ao meio um bioma do tamanho do Estado do Piauí situado no norte de Mato Grosso e Tocatins e sul do Pará (indicado pelo número 9 abaixo). Trata-se da mata de transição Amazônia-Cerrado; uma mistura única dos dois. A cerca preserverá 50 por cento deste bioma e será construida apenas em fazendas existentes e áreas queimadas ao longo da linha de 2040 kilometros. Em lugares não habitatadas a cerca será virtual sendo vigiada pelo INPE e Forças Armadas. A cerca Tordesilhas não será construida dentro das cinco reservas indígenas pelas quais a linha virtual passa.

 

Não é a primeira vez que cercas são utilizadas para conter a propagação de espécies não nativas no novo mundo. Na Austrália cercas de milhares de quilómetros de comprimento foram erguidas e existem até hoje para impedir a propagação de coelhos, uma espécie européia. Os seus hábitos alimentares e também de cavar túneis provocaram sérios problemas de erosão, ameaçando de extinção plantas nativas e chegando a modificar paisagens inteiras. Por isso, em 1901, os Australianos começaram a erguer cercas de até 1833 kms de comprimento no oeste do país, os tais "Rabbit Fences".

Mas a introdução da pecuária na Amazônia teve um efeito muito mais desastroso do que o coelho europeu na Austrália. Para criar pastos é necessário a queima da floresta que não só aniquila o ecosistema local mas lança para a atmosfêra o gás carbono que contribui para o aquecimento global.

Soberania:

Com a excessão da UNEP e o BID o governo brasileiro pretende recusar qualquer ajuda estrangeira para o projeto a fim de manter a soberania da Amazônia brasileira diz Ricardo Jorge. "Estamos negociando este novo Tratado de Tordesilhas, não com uma força estrangeira mas com nós mesmos. Queremos agir globalmente responsáveis para salvar um tesouro que é, primeiramente, nosso; um feito que temos certeza que o mundo inteiro irá aplaudir." - Reuters



A criação de gado não é compatível com a sobrevivência da floresta. Ponto.
Na Amazônia boi não entra mais. Ponto.
Desbovinização da Amazônia, Já.